Ciência

A Associação Cabo-verdiana das Energias Renováveis (ACER) foi oficializada no sábado, 14 de Outubro, na cidade da Praia. A ACER é composta por seis empresas cabo-verdianas que trabalham na promoção do sector das energias renováveis em Cabo Verde.

"A nossa missão é promover as energias renováveis e a transição energética no país. Cabo Verde é um país arquipelágico com dificuldades em termos de acesso às energias fosseis e a questão das energias renováveis coloca-se tanto nos aspectos ambientais, como económicos. A importância da criação desta associação é que será uma voz única dos actores junto das instituições nacionais e internacionais", descreve o presidente da Associação Cabo-verdiana das Energias Renováveis, Jansénio Delgado.

A ACER apresenta três objectivos; "ser uma voz única junto das instituições públicas e das organizações nacionais e internacionais, trabalhar na consciencialização e divulgação das tecnologias de energias renováveis e dos seus impactos no sector energético do país e, por fim, promover o desenvolvimento do mercado das energias renováveis", explicou.

O governo de Cabo Verde definiu metas para a transição ecológica no país, estimando uma produção de 30% de energia eléctrica a partir de fontes renováveis até 2025 e mais de 50% em 2030. "A partir de 2030, o país quer caminhar para os 100% de energias renováveis porque a ambição do país é grande", lembra Jansénio Delgado. 

O presidente da Associação Cabo-verdiana das Energias Renováveis lembra, ainda, que "Cabo Verde é um país totalmente dependente da importação de produtos petrolíferos. As energias renováveis vão contribuir para a redução das emissões dos gases com efeito de estufa, que é um problema global e com o qual o país tem compromissos internacionais", acrescenta.

A ACER foi criada pela Associação Lusófona das Energias Renováveis, em 2015, para promover as energias renováveis nos países lusófonos africanos. Cabo Verde junta-se a Moçambique e Angola, que também já dispõem das suas associações nacionais. "As associações querem trabalhar em rede para partilhar experiências, daí a importância de Cabo Verde fazer parte desta rede de associações. As realidades são diferentes, mas as soluções podem ser complementares", defende. 

O 8º Fórum de Energia Sustentável da CEDEAO decorreu nos dias 12 e 13 de Outubro em Cabo Verde. Em discussão estiveram questões como a participação das mulheres e dos jovens no sector das energias limpas na África Ocidental, a eficiência energética nos edifícios, a integração da água-energia-alimentos-terra para a prosperidade e resiliência climática, bem como as oportunidades e desafios ligados ao financiamento verde para a transição energética na região da CEDEAO. 

A região tem vindo a sofrer com as alterações climáticas e continua com dificuldades em ter acesso à energia, lembra Jansénio Delgado, acrescentando que a "importância deste fórum foi chamar à atenção da comunidade internacional para a necessidade de ajudar a região em termos do seu desenvolvimento neste sector das energias".