Falando com Ciência

Vamos comentar sobre os aspectos, muitas vezes polêmicos, do dia a dia da pesquisa que se faz pelo Brasil, nos Institutos de Pesquisa e nas Universidades.

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O perfil do docente universitário não deveria ser mais eclético e diversificado?


Na década de 1960 começou a ser construído o modelo de universidade pública que conhecemos hoje. Primeiramente, com a fundação e crescimento rápido dos cursos de pós-graduação, que nos trouxeram com grande atraso a universidade de Humboldt, em que a pesquisa é motor de geração de conhecimento e de preparação do estudante, para que busque o conhecimento necessário para executar suas atividades. Em segundo lugar, com a profissionalização da docência universitária e priorização do modelo de dedicação exclusiva e de 40 horas semanais, já que até aquele momento a maior parte dos professores fazia bico.

Esse modelo começou a se consolidar de forma mais ampla a partir da década de 1990, com a formação de grande número de jovens doutores para ocupar as vagas docentes disponíveis nas universidades brasileiras. Hoje, o perfil típico do docente contratado pelas universidades públicas é de um jovem na faixa de 30 anos, que acabou de terminar o doutorado e assume o seu primeiro vínculo profissional permanente. E é esse ponto que precisa ser mais debatido.

Apesar da maior parte dos estudantes de graduação se dirigir ao mercado de trabalho, a maioria absoluta dos docentes tem formação de pesquisa e jamais teve experiência prévia no mercado de trabalho. Por isso, creio que a universidade brasileira migrou nos últimos 60 anos de um modelo desequilibrado para outro modelo desequilibrado. Embora me pareça claro que não se constrói uma universidade moderna com pessoal contratado como bico, parece também claro que há espaço para atuação de profissionais ativos e com experiência no mercado de trabalho, em particular nos cursos de graduação. Dessa forma, embora essa ideia seja certamente polêmica em vários círculos acadêmicos, uma certa fração dos docentes poderia ter de fato esse perfil de mercado, talvez contratados sim em regime de tempo parcial.

Esse é um tema importante para a universidade da década de 2020, em que observamos muitas transformações no campo da educação, em particular da educação superior. Creio que as universidades deveriam discutir a construção de perfis mais ecléticos e diversificados nos departamentos e programas de pós-graduação, para que não fique ensimesmada e desconectada da sociedade.


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 October 25, 2023  4m