Falando com Ciência

Vamos comentar sobre os aspectos, muitas vezes polêmicos, do dia a dia da pesquisa que se faz pelo Brasil, nos Institutos de Pesquisa e nas Universidades.

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Ociosidade de vagas ameaça o ensino superior e o futuro do Brasil. O que estamos fazendo a respeito?


O nível de ociosidade nas universidades brasileiras atingiu valores alarmantes, superiores a 40% nas universidades públicas e superiores a 80% nas universidades privadas. Várias razões podem ser levantadas para explicar isso: a pandemia, a pós-pandemia, as mudanças do mercado de trabalho, o crescimento do ensino à distância, a desilusão com o ensino superior, entre outras. No entanto, nenhum fato pode explicar sozinho essa trajetória consistente observada nos últimos 10 anos.

O fato é que nenhum negócio pode conviver com tamanhos índices de ociosidade sem cair na tentação de reduzir o tamanho ou propor fechamento de atividades. Essa tentação é ameaçadora para o Brasil, que convive com os menores índices de escolaridade superior (cerca de 20% entre a população com mais de 25 anos) da América Latina, equivalentes a menos da metade do índice médio de escolaridade superior dos países da OCDE (44% para maiores de 25 anos). Portanto, nosso desafio deveria ser o de aumentar o nível de escolaridade, como demanda uma economia moderna e baseada no conhecimento. Por isso, essa trajetória ameaça o futuro do país.

Nesse contexto, surpreende que o tema não venha sendo debatido à exaustão pela sociedade brasileira, e em particular no meio acadêmico. De forma alienada, universidades discutem planos de captação de estudantes, quando em verdade o principal desafio nessa área deveria ser o de fomentar e manter aceso o interesse do jovem estudante de ensino médio no ensino superior, para o bem das universidades, mas principalmente para o bem do Brasil. Por isso, soa ainda mais alienante o fato de que as universidades brasileiras se ocupem apenas do produtivismo, da construção do currículo Lattes e do preenchimento da Plataforma Sucupira, de forma completamente apartada do que vivem os estudantes de ensino médio, em particular nas comunidades mais frágeis que as cercam.

Assim, a pergunta que se impõe é: o que estamos fazendo para fomentar o interesse do jovem brasileiro no ensino superior ? E hoje tem votação sobre o Novo Ensino Médio, que promete fomentar ainda mais o desinteresse pelo conhecimento técnico e científico entre os jovens, sob o mantra da formação para o mercado. É trágico e ameaçador.

https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2023/10/10/quase-40percent-das-vagas-nas-universidades-publicas-estao-ociosas-mostra-censo-do-ensino-superior.ghtml

https://grupoahora.net.br/conteudos/2023/08/05/menos-alunos-e-predios-ociosos-obrigam-reinvencao-nas-universidades/

https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18317-educacao.html

https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2019-11/acesso-nivel-superior-no-brasil-e-muito-abaixo-dos-padroes-internacionais

https://www.metropoles.com/dino/ocde-aponta-que-21-dos-brasileiros-possuem-ensino-superior


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 December 19, 2023  5m